RIO — Uma das maiores preocupações dos pais é sobre os riscos aos quais os filhos estão expostos na internet, e a pesquisa TIC Kids Online, divulgada nesta quinta-feira pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), mostra que os perigos são relevantes. Um em cada dez adolescentes entre 11 e 17 anos já teve contato com conteúdo sobre formas de cometer suicídio, mesmo percentual para materiais sobre uso de drogas. 13% acessaram conteúdo sobre formas de machucar a si mesmo, e 20% viram receitas para ficarem muito magros.
Os dados são referentes ao ano passado e mostram avanço em relação a 2015. A próxima edição do estudo deve revelar um crescimento ainda maior, já que o início deste ano foi marcado pela polêmica do desafio da “baleia azul”, junto com a repercussão do seriado “13 reasons why”. Sobre o cyberbullying, 41% dos pesquisados disseram já ter visto alguém ser discriminado na rede, sendo a cor ou raça (24%), a aparência física (16%) e a homossexualidade (13%) os principais fatores.
Por outro lado, a pesquisa também mostra que a segurança on-line das crianças e adolescentes é uma preocupação dos pais. 69% deles responderam que os filhos utilizam a rede com segurança, percentual que se mantém praticamente estável nos últimos anos.
As mídias tradicionais como televisão, rádio, jornais ou revistas (54%), destacam-se como fontes de informações sobre o uso seguro da internet, segundo a declaração dos pais, seguidas por familiares e amigos (52%) e por meio da própria criança ou adolescente (51%). Já as menções à escola (35%) ou ao governo e autoridades locais (26%) são menores.
— Esse resultado revela a necessidade de difusão e ampliação do debate sobre oportunidades e riscos associados ao uso da Internet por iniciativa de políticas públicas — comentou Alexandre Barbosa, gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), órgão que executou a pesquisa.
O contato com a publicidade é outra preocupação crescente: 69% dos jovens entre 11 e 17 anos disseram ter tido contato com propaganda em sites de vídeos, percentual que era de apenas 30% em 2013, e 62% tiveram contato com publicidade em redes sociais. No caminho inverso, 48% dos adolescentes buscaram informações sobre marcas ou produtos na internet.
— Se, por um lado, as crianças e adolescentes estão cada vez mais conectadas, elas estão também cada vez mais expostas a conteúdos mercadológicos na rede — avaliou Barbosa. — Esse é um desafio que precisa ser tratado por pais, educadores e formuladores de políticas públicas, especialmente se levarmos em consideração que o reconhecimento do caráter comercial da publicidade na internet é mais complexo para o público infantil.