Seis pessoas tiraram a própria vida em 2 meses, enquanto outras 140 tentaram o suicídio.
A tribo indígena de Manitoba, First Nation, no Canadá, está sob estado de emergência desde quarta-feira (9) após seis pessoas terem cometido suicídio nos últimos dois meses — e outras 140 terem tentado, mas, felizmente, sem sucesso.
Os principais motivos pelos quais os moradores da aldeia têm desistido de viver são o grande índice de desemprego — que chega a 80% — as más condições de vida devido à superlotação das casas, e aos casos constantes de enchente que alagam o vilarejo por causa da usina hidrelétrica que está sendo construída perto do local.
O vereador Donnie MacKay disse que o posto de enfermagem — que só é composto por duas enfermeiras durante a noite — não está mais conseguindo dar conta de cuidar da saúde mental dessas pessoas.
A comunidade, que é composta por 8.300 pessoas, está traumatizada e precisa de ajuda imediata do governo federal, segundo McKay. Em reunião com o Ministro da Saúde de Manitoba, Sharon Blady, que ocorreu no último mês, apenas um psiquiatra foi encaminhado para o local, para atuar em um período de oito horas.
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— Algo precisa ser feito. Estamos à beira de um colapso.
A chefe de ação da tribo, Shirley Robinson, disse que os moradores estão frustrados desde que a usina começou a ser construída, em 2013. Eles até mesmo ocuparam o local em forma de protesto, por causa das recorrentes enchentes. Mas, segundo ela, as promessas de desenvolvimento econômico e de geração de empregos, que viriam com a usina, não se concretizou.
O premier Greg Selinger foi pessoalmente à aldeia há um ano para se desculpar pelos problemas causados pela usina hidrelétrica instalada em Cross Lake. Após esse pedido de desculpas, Shirley confesso ter tido um pouco de esperança, mas que agora ela não existe mais.
— Estamos ficando desesperados.
A prima de Shirley, que tinha três filhos, foi a sexta pessoa a se suicidar no último fim de semana.
— A comunidade está tentando de tudo para salvar vidas. Não estamos apenas contando com os médicos, mas também apelamos a anciãos e membros do clero para tentar acalmar essa população. Está muito difícil para todos.
O responsável pelas questões que envolvem aborígenes, Eric Robinson, disse que conversou com o Ministro de Relações Indígenas, Carolyn Bennet, que afirmou que o governo está se empenhando para ajudar a comunidade. Robinson falou um pouco sobre os rumos da conversa.
— A província está esperando por requerimentos específicos de Cross Lake e vai assistir aos membros da comunidade de qualquer forma. No entanto, as razões pelas quais essas pessoas querem se matar precisam ser combatidas.
Segundo Robinson, que pretende viajar para Cross Lake nos próximos dias, uma vez que esses problemas são tratados, os povos indígenas dessa comunidade voltam a sentir orgulho e autoconfiança.
Oficiais da Saúde do Canadá se ofereceram para atender a comunidade e vão enviar pelo menos seis psiquiatras para o local imediatamente, além de um psicólogo infantil e um terapeuta familiar. Uma maior quantidade de médicos também foi requirida.