Cerca de 10% das pessoas não conseguem superar por si só a perda de entes queridos, explicaram os psicólogos Robert Neimeyer e Daniela Alves, especialistas que falaram ao Expresso sobre os processos que é preciso levar a cabo quando as mortes se revelam demasiado traumáticas
A morte de filhos, a de cônjuges de longa data, mas também os suicídios, as mortes por acidentes violentos, atentados ou devido a doenças prolongadas, que impliquem grande sofrimento, são circunstâncias traumáticas que facilmente levam a que os familiares ou pessoas próximas tenham mais dificuldade em superar a perda, referiram ao Expresso Robert Neimeyer e Daniela Alves, psicólogos especializados em processos de luto.
“A maioria dos seres humanos são resilientes no sofrimento. 80 a 90% conseguem, com a ajuda da família, da comunidade ou das suas crenças espirituais, ajustarem-se às perdas. Contudo, 10% a 12% podem ficar bloqueadas”, refere Robert Neimeyer. E, ao contrário do dito popular “o tempo não cura tudo, o que interessa é o que as pessoas fazem com o tempo”, explica Neimeyer, psicólogo da universidade norte-americana de Memphis, com investigação e extensa obra publicada nesta área.
“É como um livro a que uma página foi arrancada e nós na terapia vamos tentar construir, não aquela, mas outra página que volte a dar sentido àquela história”, explica Daniela Alves