Para cada pessoa que se suicida, pelo menos outras cinco são impactadas diretamente. Esse é o foco e a preocupação da psicóloga, psicoterapeuta e especialista em suicídio Karen Scavacini, que vem a Cuiabá no próximo dia 20 de setembro (terça-feira) com a palestra “Conversando sobre o Luto por Suicídio”. A entrada é gratuita e a palestra acontece no Salão da Paz do Grande Oriente de Mato Grosso.
Este encontro faz parte da programação para o Setembro Amarelo, criada pelo Centro de Valorização da Vida. Desde 2015, a organização promove neste mês uma intensa discussão sobre suicídio, com a premissa de que é preciso discutir o assunto para diminuir os altos índices. Atualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde, uma pessoa se suicida a cada quarenta segundos no mundo. No Brasil, acontece um suicídio a cada 45 minutos.
De acordo com informações da Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, em Mato Grosso o número de suicídios cresceu quase 68% nos primeiros sete meses (janeiro a julho). Em 2015, foram 52 casos neste período, contra 87 em 2016.
No próximo domingo (11), acontece a primeira ação do mês. Às 17h, na Praça da República, o CVV convida as pessoas a irem de amarelo e branco para participar da ‘Caminhada Pela Vida’. O tema da caminhada é: “Falar é a melhor solução”. Ciente da responsabilidade de discutir a temática, o Olhar Direto apoia a campanha.
A palestra
Karen Scavacini é mestre em Saúde Pública na área de Promoção de Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio pelo Instituto Karolinska (Suécia) e autora do livro “E agora? Um livro para crianças lidando com o luto por suicídio”. A psicóloga viaja o país com palestras e cursos sobre o tema, e é também autora do Projeto “Memória Viva”, que consiste numa ‘colcha de retalhos’ com a fotografia dos sobreviventes do suicídio.
Em entrevista à Rede Vida, Karen fala sobre a necessidade de se conversar sobre o suicídio. Segundo a especialista, é possível previnir 90% dos casos se mantendo atento aos sinais verbais e não verbais de amigos e familiares. “É preciso acabar com o mito de que quem fala não faz”, comenta. Karen explica que a melhor coisa a se fazer é conversar com a pessoa que passa por dificuldades e ouvir sem julgamentos. Assista à íntegra da entrevista AQUI.
Em Cuiabá, ela falará com aqueles que já passaram pela situação e tiveram casos na família ou com amigos próximos. O principal, aqui, seria amenizar a culpa e evitar que se façam mais vítimas.
Setembro amarelo
Apesar dos altos números, o suicídio ainda é um tabu. Não se fala sobre ele, e parece que ele não acontece. Pensando em desmistificar e, assim, ajudar na prevenção dos casos, o Centro de Valorização da Vida criou, em 2015, a campanha ‘Setembro Amarelo’. Em 2016, a campanha acontece pela segunda vez, estimulando a discussão sobre o tema.
No ano passado, durante a campanha, a população foi convidada a iluminar ou identificar a fachada de uma casa ou prédio, promover passeio de motos com balões, fitas ou panos amarelos, caminhadas com camisetas amarelas ou outras ações que impactem a população.
O suicídio é um problema grave, e já pode ser considerado uma epidemia mundial. De acordo com o psiquiatra Lawrence de Oliveira Assis, no Brasil a crise econômica, o arrocho salarial, o desemprego e o isolamento social dos últimos anos fizeram com que explodissem os casos de depressão e, consequentemente, de suicídios. “Em 2020, a depressão será a primeira doença do século, vai ultrapassar as cardiopatias”, alerta.
Atualmente, de acordo com a OMS, o suicídio já mata mais jovens do que o HIV em todo o mundo, e é a segunda maior causa de mortes violentas, perdendo apenas para acidentes de trânsito e na frente, por exemplo, dos assassinatos.
Segundo o médico, é preciso dar mais atenção às doenças psicológicas. Entender que elas são doenças e que precisam ser realmente tratadas é o primeiro passo. Além disso, ele critica os tratamentos feitos somente com remédios ‘tarja preta’.
“As benzodiazepinas sozinhas não ajudam em nada. Os pacientes pedem, porque querem um alívio imediato para aquela dor. Eu explico que é como se fosse apagar a luz. Você toma o remédio e é como se estivesse desligando o sofrimento. Mas no outro dia ele está lá quando você acorda. Se o problema não foi tratado, ele volta e só será apagado de novo com uma nova dose de remédio, o que causa a dependência”, afirma Lawrence.
Quem precisar de ajuda, precisar conversar sobre o assunto ou estiver com pensamentos negativos, pode sempre entrar em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo número 141 (Cuiabá e Várzea Grande) ou (65) 3321-4111 (interior). Eles fazem também atendimento pessoal na Rua Comandante Costa, 296, das 8h às 18h.
Serviço
A palestra de Karen tem entrada gratuita e não é preciso se inscrever.
Local: Salão da Paz do Grande Oriente de Mato Grosso – GOEMT (Av. Rubens de Mendonça, em frente à Casa da Democracia)
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