O Instagram é a próxima rede social a implementar recursos de prevenção ao suicídio. Seguindo os passos do Facebook, que adotou a mesma medida globalmente em meados de junho, o Instagram oferece aos usuários ferramentas para ajudar, anonimamente, aqueles amigos que demonstram sinais de depressão e ideação suicida.
Setembro foi o mês de conscientização mundial sobre prevenção do suicídio, quando ocorreu a campanha “Setembro Amarelo”, e as redes sociais foram amplamente utilizadas para tratar do tema, de modo que muitos tiveram a oportunidade de aprender mais a lidar com o assunto. O Instagram, plataforma que se concentra em fotografias, é um lugar onde as pessoas muitas vezes expressam sentimentos através de selfies e, dessa forma, usuários atentos podem perceber quando alguém precisa de ajuda.
Como funciona
Se um amigo ou alguém que você segue na rede social estiver em perigo de se ferir, os primeiros sinais de aviso podem aparecer em meios de comunicação social, e o Instagram pode ajudá-lo a intervir de forma anônima com suas novas opções de suporte.
Se você relatar um post que lhe preocupou, seu amigo receberá uma mensagem dizendo: “alguém viu um de seus posts e pensa que você pode estar passando por um momento difícil. Se você precisar de apoio, nós gostaríamos de ajudar.”
Então, a partir daí, o Instagram oferece a opção de conversar com um amigo, entrar em contato com pessoas dedicadas ao suporte para esses casos, ou receber dicas e apoio.
Os usuários serão levados a essa mesma página de suporte se eles realizarem uma busca por alguma hashtag associada a automutilação. Alguns tags perigosas são ocultadas pela busca no Instagram, pois podem causar gatilhos emocionais. Por exemplo, se o usuário tentar digitar #thinspo, poderá obter nenhum resultado.
De acordo com a COO do Instagram, Marne Levine, que falou à revista norte-americana Seventeen sobre o assunto, “estas ferramentas são projetadas para que você saiba que você está cercado por uma comunidade que se preocupa com você, em um momento em que você pode precisar de mais esse lembrete”.
Para criar a linguagem do recurso, o Instagram teve a colaboração de pessoas que já tiveram distúrbios, trabalhou com o National Eating Disorders Association e com o National Suicide Prevention Lifeline.
Ouvimos os especialistas em saúde mental quando eles nos disseram que o alcance de um ente querido pode fazer uma diferença real para aqueles que podem estar em perigo
Junto com as novas ferramentas, Instagram firmou uma parceria com a Seventeen para lançar uma campanha realizada no último dia 17, declarada “National Body Confidence Day”, chamada #PerfectlyMe. No Instagram, a hashtag tem como objetivo “destacar mulheres e homens da rede social que estão arrasando em sua autoconfiança e abraçando sua própria singularidade”. Como exemplo, a Seventeen citou Gan Chin Lin, jovem de 17 anos, de Cingapura, que descobriu a sua paixão pela comida e por fotografia, e tem usado isso no Instagram para superar seu distúrbio alimentar.
Redes sociais e bulliyng
Apesar dos esforços do Facebook e Instagram na prevenção do suicídio, especialistas em saúde mental concordam que o Twitter, Facebook, Instagram e outras redes sociais causam grande pressão social que pode tornar seus usuários, especialmente os adolescentes, vulneráveis por privação de sono, ansiedade e depressão.
Um dos maiores problemas das redes sociais nesse sentido é que elas ainda não tratam adequadamente o assédio moral, perseguições, preconceitos, e outros conteúdos que são a raiz de muitos problemas. Enquanto as redes são uma excelente ferramenta para interações sociais saudáveis, capazes de ajudar pessoas com quadro de depressão, elas também tem o potencial de fazer o papel oposto.
Casos de tentativas de suicídio – algumas com sucesso – causadas por perseguição e assédio nas redes sociais se tornam cada vez mais comuns. Exemplo disso é a adolescente Rebecca Ann Sedwick, 12 anos, que suicidou-se na Flórida, depois de passar mais de um ano sofrendo bullying on-line dos colegas. Entre as mensagens, encontraram-se frases como “Você é feia”, “Por que você ainda está viva?” e “Se mate”.
Recentemente, o aplicativo Blindspot, que permite envio de mensagens anônimas, foi alvo de críticas devido ao bulliyng e casos de tentativas de suicídio de seus usuários.
Sinais de ideação suicida
“Às vezes tem um suicida na sua frente e você não vê”, escreveu em um papel o motoboy que se atirou do 17º andar do Fórum Trabalhista de São Paulo, no dia 10 de setembro. A prevenção do suicídio é um assunto que deve ser tratado sem tabus, e não é uma preocupação apenas para profissionais de saúde.
Aproximadamente 32 pessoas se matam todos os dias no Brasil, de acordo com reportagem do G1 sobre a campanha do Setembro Amarelo. Em todo mundo esse número chega a 2.200. As novas ferramentas do Instagram e Facebook podem ajudar a diminuir esse número.
Algumas frases (abaixo) foram classificadas pelo Samu como sinais de alerta, e elas podem ser encontradas em postagens de redes sociais, como o Instagram e, assim, as ferramentas de suporte do aplicativo podem ser acionadas para enviar alguma ajuda.
Eu preferia estar morto.
Eu não posso fazer nada.
Eu não aguento mais.
Eu sou um perdedor e um peso para os outros.
Os outros vão ser mais felizes sem mim.
Se você ainda sente que a ferramenta do Instagram não é o
suficiente, o Samu listou ainda dicas para ajudar pessoas em risco de cometer suicídio:
Criar proximidade com a pessoa sem se colocar em risco.
Tentar estabelecer uma relação de confiança.
Procurar escutar sem fazer juízo de valor.
Demonstrar interesse em ajudar.
Permitir que a pessoa expresse seus sentimentos.
Tentar perceber se existe um plano de suicídio.
Nunca deixar a pessoa sozinha e procurar envolver outras pessoas (familiares e amigos).
Encorajar a pessoa a procurar ajuda profissional.