WASHINGTON — A taxa de suicídio nos Estados Unidos alcançou o patamar mais alto dos últimos 30 anos, revela uma análise de dados do governo federal. O índice atualmente é de 13 suicídios para cada 100 mil habitantes, o mais expressivo desde 1986. A taxa global aumentou 24% de 1999 para 2014, de acordo com o Centro Nacional para Estatísticas de Saúde, que divulgou o estudo nesta sexta-feira, dia 22. Ao todo, 42.773 pessoas morreram por suicídio em 2014, em comparação com as 29.199 que morreram em 1999.
Os aumentos mais expressivos ocorreram entre as mulheres e entre pessoas de meia-idade, grupos que tinham taxas de suicídio estáveis ou até mesmo em queda desde a década de 1950. De 2006 para cá, houve uma taxa de aumento de 2% ao ano no número de suicídios, o dobro do crescimento anual no período anterior do estudo. O índice subiu em todas as faixas etárias, sendo a única exceção os idosos.
No recorte de mulheres de meia-idade, com idades entre 45 a 64 anos, o índice deu um salto de 63% durante o período do estudo, ao mesmo tempo em que aumentou 43% para os homens na mesma faixa etária — o maior aumento para os homens entre todas as idades estudadas.
— É realmente impressionante ver um aumento tão grande nas taxas de suicídio que afetam praticamente todas as faixas etárias — disse ao “New York Times” Katherine Hempstead, consultora sênior de cuidados de saúde na Fundação Robert Wood Johnson, que identificou uma ligação entre suicídios na meia-idade e um aumento das taxas de aflição quanto a empregos e finanças pessoais.
A taxa diminuiu para apenas um grupo racial: os negros. E declinou para apenas uma faixa etária: homens e mulheres com mais de 75.
A análise dos dados fornece novos elementos que reforçam a tese do aumento da melancolia entre os americanos brancos. Pesquisas recentes têm destacado a situação dos brancos com menos escolaridade, mostrando picos nas mortes por overdose de drogas, suicídios, doenças do fígado e intoxicação por álcool. O novo relatório, no entanto, não especifica as taxas de suicídio de acordo o nível de escolaridade.
— Isso é parte do padrão emergente maior de evidências das ligações entre pobreza, desesperança e saúde — afirmou ao “New York Times” Robert D. Putnam, professor de políticas públicas na Universidade de Harvard e autor do livro “Our kids” (”Nossas crianças”), uma investigação de novas divisões de classe nos EUA.
Os pesquisadores também descobriram um aumento alarmante do índice de suicídio entre meninas de 10 a 14 anos, cuja taxa, embora ainda muito baixa, triplicou. O número de meninas que se mataram subiu de 50 em 1999 para 150 em 2014.
E índios americanos tiveram a maior alta dentre todos os grupos raciais e étnicos, com taxas que aumentaram 89% para mulheres e 38% para os homens.