Um grupo de WhatsApp está assustando os pais teresinenses. O “Pensamentos Suicidas”, que possui membros em todo o Brasil, chegou a crianças piauienses através de um link de compartilhamento, aonde é possível acessar o conteúdo sem precisar de convite direto pelo aplicativo.
Neste grupo, pessoas ainda não identificadas estimulam crianças e adolescentes a praticar a automutilação e até mesmo o suicídio. A recomendação é que os pais tenham uma atenção redobrada com os smartphones dos pequenos, de modo que o pior seja evitado.
Uma criança de Teresina de apenas 11 anos, moradora da zona Sul, teve acesso ao grupo e passou a ter um comportamento diferente dentro de casa. Apesar de não ter chegado a praticar mutilação de forma mais grave, a jovem chegou a se machucar com grafite escolar.
Os pais, que também não serão identificados, logo perceberam o problema e identificaram o grupo que a garota estava inserida. Neste grupo, as mensagens pró-suicídio eram compartilhadas como forma de penitência, aonde quem fizesse algo errado deveria “pagar” com o próprio corpo, com dor e sofrimento.
Os pais acreditam que a filha tenha tido acesso ao tal grupo através de uma conta de outra rede social, que teria disponibilizado o link para ingressar ao grupo.
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar do Estado do Piauí reforça o alerta para que os pais fiquem atentos aos telefones dos filhos, mas que até o momento não foi registrado nenhum boletim ocorrência sobre o caso.
Os pais também devem tomar cuidado com o que os filhos andam procurando na internet. Em uma rápida pesquisa no Google, a reportagem do Jornal Meio Norte encontrou páginas de convites para grupos de pensamentos suicidas. O mesmo ocorre com pessoas que defendem transtornos alimentares, como a anorexia e a bulimia.
Embora muitos desses grupos tenham adultos, ao que parece, a maior parte deles, é composta de crianças. Os usuários desses grupos escondem o rosto por trás de personagens de desenhos.
Psicólogo alerta pais sobre os riscos de grupos virtuais
“Eu lido com isso todos os dias em clínica. A maioria dos meus pacientes chegam com demandas de comportamento suicida, luto e automutilação. Eu tenho uma proximidade com esse tema, e de fato acontece. É preciso saber qual uso essas pessoas fazem da internet. É importante ressaltar que a Delegacia de Crimes da Internet deve reforçar esse controle. Os próprios pais também”, explica o psicólogo Carlos Aragão.
O psicólogo ressalta que há alguns sintomas, como agressividade, mudanças bruscas de comportamento, queda do rendimento escolar, isolamento social e tristeza profunda que indicam o problema. “O isolamento virtual também. Esses excessos devem ser percebidos, observando a faixa etária”, ressalta Aragão.
Carlos Aragão afirma que as pessoas usam do desejo de jovens de serem aceitos para participar de tais grupos. “Uma característica de pré-adolescentes e adolescentes é querer fazer parte de um grupo. E esses grupos tem um ritual de iniciação, como a mutilação. Esses grupos usam artifícios para seduzir o jovem a participar, é preciso estar atento. Qualquer sinal diferente que imediatamente isso seja observado e tratado diretamente com a criança ou adolescente, com um profissional da área”, conclui o psicólogo.