O caso de Kevin Hines, que está apresentado a seguir, evidencia a presença de uma ambivalência entre a ideia de morrer e continuar vivo no ato suicida, fato já comprovado em estudos científicos. Deste modo, afirmar que “se a pessoa quer se matar, ela fará de qualquer maneira” expressa uma compreensão equivocada e simplista de entender o fenômeno.
Nesse sentido, também cabe ressaltar que está presente nas estratégias nacionais e internacionais de prevenção ao suicídio a restrição de acesso aos meios letais utilizados (por exemplo, pesticidas, armas de fogo, certas medicações e inclusão de redes de proteção em pontes e vãos centrais de prédios), ação esta que notadamente reduz suicídios segundo a Organização Mundial da Saúde (ONU) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
“Conheça Kevin Hines. Uma das milhares de pessoas que pularam da ponte Golden Gate, ele faz parte dos menos de 1% que sobreviveram a esse salto mortal.
A ponte é um dos lugares mais usados do mundo para se cometer suicídio. Hines estima que mais de 2.000 pessoas já pularam para a morte desde sua inauguração.
Aqui está a história do homem que pulou da ponte Golden Gate de São Francisco e sobreviveu para contar sua história. Ele espera que seu sua história inspire outras pessoas a buscarem ajuda.
Kevin teve uma infância difícil, pois teve de viver em vários lares. Ele disse ao BuzzFeed, “Eu nasci prematuro, num ambiente de viciados em drogas.”
Eventualmente, ele foi parar no lar de Patrick e Debi Hines e sua vida entrou nos eixos, o que proporcionou uma infância melhor.
Aos 17, ele encarou vários problemas de saúde mental e começou a piorar.
“Eu simplesmente estava fora de controle.”
Ele disse ao BuzzFeed: “Eu lembro vividamente de ter escrito minha carta de suicídio.”
Hines foi de ônibus para a ponte Golden Gate, desceu e começou a andar lentamente pela calçada da ponte.
Ele disse: “As pessoas passavam por mim, até que uma mulher se aproximou de mim.” Ela pediu a ele para tirar uma foto dela e foi embora.
“Foi esse o momento em que eu disse ‘Ninguém se importa’”.
“A realidade era que todos se importavam, eu só não conseguia perceber.”
Kevin pulou da ponte e logo depois compartilhou dos mesmos pensamentos que os outros sobreviventes tiveram:
“No milésimo em que a minha mão soltou da grade, surgiu o arrependimento instantâneo.”
Ele disse ao BuzzFeed: “Em quatro segundos, eu caí por 120km/h, 25 andares, e atingi a água. Eu senti a maior dor física da minha vida.”
Após a queda, a Guarda Costeira resgatou Kevin da água e o levou a um hospital local.
No hospital, ele disse a Hines: “Pai, me desculpe”. Ele respondeu: “Não, Kevin, me desculpe.”
O quase suicídio de Kevin deixou uma marca nos membros de sua família que estará lá TODOS. OS. DIAS. Hines disse a ele que, toda vez que o telefone toca, sua primeira reação é perguntar “Kevin está vivo?”.
“Eu causei esse impacto no meu pai”, disse ele.
Kevin ainda está recebendo tratamento para doença mental, mas agora ele tem mecanismos melhores para lidar com isso.
Você não está sozinho.
“É ok não estar bem. Não é ok não pedir ajuda para alguém.”
“A recuperação acontece. Eu sou a prova viva.”
Se você estiver tendo uma crise, ligue para o Centro de Valorização da Vida no telefone 188.”