O desespero e a incapacidade de encontrar uma saída para o sofrimento são os sentimentos que tomam conta de quem decide acabar com a própria vida. “Estavam acontecendo muitas coisas ao mesmo tempo, sentia uma sobrecarga e a dor era tão grande que achei que a solução seria morrer”, relata Cássio Guedes, 29, médico, que tomou um coquetel de medicamentos com três vezes a dose letal, em 2012.
Enquanto esperava a morte chegar, deitado em um pasto no campus da faculdade de medicina onde cursava os últimos anos, Guedes pensou na irmã, no sobrinho e resolveu ligar para uma amiga pedindo ajuda.
Além de se salvar da morte, anos depois, o médico percebe que conseguiu se afastar do comportamento autodestrutivo e dar novo significado à vida. “Eu me sabotava, me colocava em situações de vulnerabilidade, eram tentativas erradas de gritar por socorro. Estava vazio de mim”, fala.
Na época em que só pensava na morte como meio de aliviar sua dor, Cássio Guedes estava sofrendo por causa da pressão da faculdade de medicina, do afastamento da família, após assumir sua homossexualidade, e também em razão do término de um relacionamento.
Depois de um ano sabático em tratamento, outros problemas apareceram, o médico teve de lidar com a morte da mãe e a volta para a faculdade, porém aprendeu a enfrentá-los de uma nova maneira. “Hoje me sinto forte para encarar as situações de dor, tenho fontes de apoio, faço terapia, academia, me cerquei de bons amigos e aprendi a investir no que me dá forças”, diz.
Além disso, o médico também conta que buscou “fontes de vida” e adotou três cachorros e um gato, que o ajudaram muito no início do tratamento. “A melhor parte do dia era voltar da faculdade para cuidar deles, pensar que eles dependiam de mim”, diz.
Dar novo significado à vida, como fez Cássio Guedes, é essencial para prevenir recaídas….