Setembro Amarelo, mês que propõe a conscientização e precaução ao suicídio e depressão começa e o cineasta Roberto Leite disponibiliza seu filme curta-metragem “Cortes”, no YouTube para todos compreenderem um pouco mais a doença e saber como tratar quem passa por isso.
Os números sobre os casos de suicídio saem de 157, em 2012, para 173 em 2013. Mais de 800 mil suicídios foram registrados em 2015 em todo o mundo, dos quais 75% em países de média e baixa renda. O Brasil ocupa a 8ª posição no ranking de países com maior incidência de suicídios, ultrapassando o número de 12 mil casos por ano e este índice só vai aumentando a cada dia. Já Mato Grosso do Sul apresenta o quarto maior índice de casos por habitante. É por essas e outras que o diretor da Zion Filmes, o cineasta Roberto Leite produziu o curta-metragem “Cortes”, um relato sobre a depressão e o suicídio.
Inspiração
Roberto é roteirista e diretor do curta-metragem de 18 minutos, as estatísticas apontadas pelas pesquisas, pelos dados do Mapa da violência e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), já são mais que o suficiente para mostrar o grau de importância em discutir sobre este assunto tão comum, mas evitado pela maioria. “A ideia para o filme surgiu quando me atentei ao fato de que deveria passar a observar mais as pessoas ao meu redor, que, aliás, me levou à uma reflexão muito grande em relação a um amigo que estava precisando de ajuda”, explica.
“Cortes” conta a história de Jade (Camila Schneider), uma jovem disposta a acabar com a dor da depressão que a persegue desde criança. A doença é agravada após a perda do marido, Luis (Vinicius Olivo), momento no qual Jade inicia seu processo de despedida, gravando um vídeo que tenta explicar a decisão de se suicidar. Leo (Filipi Silveira), seu amigo de infância, percebendo a gravidade do problema, tenta mostrar a ela que a vida é feita de novas fases, cortes e cicatrizes.
“Segundo pesquisas, cerca de um milhão de pessoas se suicidam a cada ano no mundo. Precisamos falar sobre esse assunto. Depressão não é frescura, é doença. E é essa a reflexão que queremos deixar ao público. Basta que procuremos o contato, a conversa e, dessa forma, esta situação poderá deixar de ser comum. Queremos reforçar também o alerta para a necessidade imediata de políticas públicas mais efetivas no sentido de identificar e tratar as vítimas da depressão”, aponta o diretor.
O filósofo, pesquisador em causas sociais, palestrante e professor Julio Cheda, fala em uma carta enviada a Roberto sobre sua experiência sentimental em assistir “Cortes”, o profissional destaca a qualidade de interpretação da atriz Camila Schneider, que vive no curta a personagem Jade. Júlio ainda destaca o perfeccionismo fotográfico e o sentimento apurado que obra traz para o espectador.
Première
O curta-metragem foi produzido no final de 2014 e início de 2015, de maneira independente, através de sua própria produtora, a Zion Filmes, e uma equipe de colaboradores. Seu lançamento, de fato, aconteceu em fevereiro de 2015, em Miami. Em maio, no shopping Bosque dos Ipês, uma premiére do filme foi realizada, contando com a presença de autoridades locais, críticos de cinema, profissionais da psicologia, equipe, amigos e familiares que participaram de uma entrevista coletiva e uma discussão sobre o tema. O curta também foi selecionado para competir no Festival “Star Film Fest”, realizado na Croácia, que selecionou 45 de 260 filmes enviados de todas as partes do mundo.
Com o objetivo de aproveitar o mês de prevenção ao suicídio, chamado de “setembro amarelo”, para conscientizar jovens e adultos sobre a importância de chamar a atenção ao tema, o cineasta disponibilizou o curta-metragem no Youtube, através deste link: https: https://www.youtube.com/watch?v=3AYBeLj2o1M
“O tabu sobre o tema do suicídio é um dos principais obstáculos no combate desse grave problema. No entanto, acredito que o cinema é um excelente veículo de comunicação para levar as pessoas à uma reflexão e à uma possível mudança de comportamento”, explica Roberto.
Sobre Roberto Leite
Brasileiro, cearense, nascido em 8 de março de 1985, solteiro. Graduado em Comunicação Social – Rádio e TV pela Universidade Católica Dom Bosco (2008), mestrando em Cinema pela Universidad Europea Miguel de Cervantes – Barcelona, Spain (2013) e diretor/proprietário da produtora Zion Filmes. Atua há mais de 6 anos como roteirista, diretor de arte, diretor de criação e planejamento em diversas produções publicitárias e audiovisuais em geral, colocando-se cada vez mais presente nas produções cinematográficas. Entre 2007 e 2013, como diretor e produtor, foi responsável por diversas produções audiovisuais, curta-metragens e documentários.
Em 2013 foi diretor de fotografia e produtor do curta-metragem “O Florista”, filme indicado para participar da categoria Short Film Corner, no Festival de Cannes 2013 – França. Este mesmo filme foi indicado para participar de diversos outros festivais, no qual foi vencedor do prêmio de melhor filme da Mostra de Curtas de Dourados (2013) e do Festival de Cinema de Pernambuco (2014), ambos no Brasil. Seus últimos trabalhos produzidos foram os curtas “Irmãos de Alma” (em 2014, como diretor de fotografia e produtor) e agora, seu mais novo trabalho, “Cortes” (finalizado em 2015, atuando como diretor e roteirista).
Ideias
Para Roberto, o cinema independente funciona como a vitrine dos novos talentos, porque conta com a iniciativa do próprio diretor. “Essa proatividade é exigida, inclusive, por Holywood, de modo que cada diretor consiga produzir um filme que seja comercialmente viável e levado às salas de cinema. E este é o nosso propósito. Somos muito focados no cinema independente porque, antes de tudo, produzir é mais importante que captar. A partir deste pensamento, crescemos com os trabalhos, construímos uma carreira solidificada, e nos aproximamos da Ancine e de meios para distribuição, uma área ainda muito defasada aqui no Brasil”.