Manaus – No ano passado, 121 pessoas tiraram a própria vida, no Amazonas, conforme apontou o 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado no início deste mês. Em 2014, 81 casos de suicídio haviam sido registrados no Estado, segundo o estudo, um crescimento de 49%.
De acordo com a porta-voz do Centro de Valorização da Vida (CVV) Belém, Luíza Montenegro, 90% dos casos de suicídios podem ser prevenidos. Mas, por falta de voluntários, a organização, uma das mais conhecidas no trabalho de prevenção do suicídio, deixou de ter postos de atendimento no Amazonas.
Segundo Montenegro, o centro fornece apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente. No Amazonas, as pessoas que precisam do suporte devem entrar em contato com o número nacional 141, através do site da instituição, por e-mail, chat e Skype 24 horas, todos os dias.
“A principal forma é falar sobre o problema. Dar visibilidade a isso é importante, porque as pessoas precisam saber onde buscar ajuda, assim como as pessoas próximas precisam saber como ajudar. O que eu posso falar para a pessoa que está pensando nisso é que se você que está lendo isso, está passando por um problema, busque ajuda de um profissional, 90% dos suicídios podem ser evitados”, disse.
Quem comete suicídio, de acordo com Montenegro, não busca a morte. Na verdade, conforme a representante do CVV, em um nível de sofrimento extremo, a pessoa procura uma forma de terminar a dor.
“Baseado no sigilo, o CVV é um canal para a pessoa poder conversar sem julgamentos. Qualquer pessoa que quer desabafar, que tem sofrimento e precisa de um apoio pode nos procurar. A pessoa que se mata, não quer se matar, quer eliminar a dor. Quando ligam para o CVV, é como um último pedido de ajuda e elas sempre pedem ajuda”, afirmou.
Apesar de Manaus ser a nona entre as capitais do País em casos de suicídio, segundo dados apresentados pelo presidente da Associação Amazonense de Psiquiatria (AAP), Cleber Naief, durante o simpósio ‘Setembro Amarelo: Campanha Nacional de Prevenção ao Suicídio’, realizado em setembro, na capital, faltam voluntários para ajudar no projeto do CVV no Estado.
Como se voluntariar
Para participar, o voluntário precisa ter 18 anos de idade e pelo menos quatro horas disponíveis, por semana, além da vontade de ajudar pessoas como plantonista do Programa de Apoio Emocional do CVV.
Um curso gratuito de preparação de voluntários é oferecido pela organização. Os interessados, segundo a porta-voz, devem enviar um e-mail para [email protected] ou cadastrar-se no site.
Saúde pública
Para Montenegro, o suicídio é um problema de saúde pública, principalmente, na Região Norte, onde os casos tiveram alta de 72%.
Entre janeiro de 2012 e janeiro deste ano, segundo dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), do Ministério da Saúde (MS), o custo das internações por tentativas de suicídio foi de R$ 57.890,55 aos cofres públicos, com maior incidência na faixa etária de 20 a 29 anos e de 40 a 49 anos.