Reforçamos que o suicídio é multifatorial, ou seja, não possui uma única causa ou fator responsável pelo ato.
Diego, de 11 anos, suicidou-se em Espanha, vítima de bullying. É mais um trágico caso, a somar-se a outros. Até quando?
A notícia eclodiu e fez eco de um suicídio de um menino, Diego, que aos 11 anos de idade não mais suportou os maus-tratos de que seria vítima no colégio que frequentava, em Madrid. O bullying é um tema do passado mas, mais do que nunca, do presente. Casos de agressões físicas, verbais, psicológicas (estas, por vezes, mais desgastantes e mais insidiosas do que as físicas) ocorrem todos os dias nas escolas de todo o mundo, a cada minuto.
A violência a que uma criança/jovem é sujeita pelos seus pares, que se arrogam o direito de se acharem superiores e, consequentemente, abusarem da vítima a seu bel-prazer, é uma situação inqualificável e absolutamente insuportável – pelas vítimas da agressão e, como deveria ser também naturalmente, pela própria sociedade (pais, professores, restante comunidade).
Ao detetar-se a existência de um problema – na diminuição do rendimento escolar do aluno, em indisposições físicas, em recusas ou pouca vontade em ir à escola, marcas corporais, apatia, falta de apetite, etc. – os pais e os professores (interventores de primeira linha) deverão, de imediato, agir. Os pais poderão, por exemplo, denunciar sem demora o caso aos professores da turma, confortar o filho, demonstrando compreensão e convidando-o a desabafar e, se necessário for, afastá-lo por alguns dias do estabelecimento de ensino onde a situação de violência está a acontecer. Os professores, por seu lado, deverão de imediato entrar em contacto com os encarregados de educação dos alunos agressores, pô-los ao corrente da situação e deixarem bem claro que o bullying é um crime público e que os seus educandos incorrem na possibilidade real de serem alvo de medidas tutelares (quando menores) ou mesmo de prisão (após a maioridade); poderão também ser alvo de medidas disciplinares – suspensão, expulsão.
Salientem-se apenas dois pontos cruciais: não deverá ser o aluno agredido a ter de mudar de escola – ele não fez nada de errado – mas sim o agressor. Neste caso, o “bully” deverá ser acompanhado com medidas especiais na escola de acolhimento, de forma a evitar que o seu comportamento desajustado se venha a repetir no novo ambiente, com novas vítimas. Segundo ponto, não menos importante: a violência perpetrada por estas crianças/jovens advém, quase necessariamente, de ambientes de violência, negligência, maus-tratos a que terão sido expostos no ambiente familiar.
Que ilações a retirar de tudo isto? Sublinhe-se sempre e cada vez mais a importância de uma boa educação da criança desde o berço. Ensinar valores morais, de respeito e educação diariamente, nunca são demais. Os pais têm a obrigação moral de acompanhar os seus filhos desde a mais tenra idade e observar neles a melhor educação que lhes puderem transmitir.
Só assim poderemos algum dia aspirar a viver numa sociedade praticamente livre de violência, em que a segurança das nossas crianças assenta numa sólida formação moral, de respeito para consigo e para com os outros.