Beach Tennis, as alunas do avançado e ser a última do ranking
Para quem me conhece sabe que eu fujo de academia, tenho horror a esporte a e já deixei muito dono de academia rico ao pagar um ano e frequentar 2 vezes nesse período (quem nunca..)
Meu marido vive tentando me convencer a treinar, e adora uma academia, aliás qualquer exercício que não envolva mais de uma pessoa. Ele fica tentando me convencer a malhar e eu a ele fazer terapia (santo de casa não faz milagre, não é mesmo).
Se fazer terapia também malhasse os músculos, eu ia estar sarada!
Academia, me inclua fora dessa! Foi meu lema por muito tempo. Nunca gostei de esportes, na verdade tentei vários, patinação, tênis, aeróbica, natação, academia, dança, boxe, corrida e nenhum deu certo.
Bom, mas os anos vão passando e o sedentarismo cobra um preço. Cheguei à conclusão de que se não perdesse uma hora com malhação ia ser com fisioterapia. Então melhor academia do que fisioterapia não é mesmo? (nada contra fisioterapeutas – ainda bem que existem)
Faço funcional 2x por semana, mas detesto kkk (nada contra a professora, que é um anjo – se é que podemos chamar alguém que gosta de ver o outro suar de anjo né).
Faz uns 3 anos que faço aulas de Beach, já comecei e parei várias vezes. Tem meses que remarco mais do que vou e assim o tempo foi passando, até que… resolvi encarar um ranking e essa história começa…
Só não sabia que seria gentilmente convidada (para não dizer empurrada) a enfrentar não só meus limites físicos, mas alguns monstrinhos do passado.
O ranking é composto de 12 rodadas, com 3 jogos em cada uma. As jogadoras são sorteadas e você joga 3 jogos na sequência, um com cada adversária/parceira. Ou seja, já joguei 24 jogos até agora.. e não ganhei nenhum (risos nervosos).
Percebi minha inabilidade logo nos primeiros jogos. Quando perco um jogo e não é de zero, já me dou como vencedora ;)).
Em um deles, a cada ponto que eu perdia, mais silenciosa ficava a partida, e vou confessar, estava jogando mal mesmo hahahaha. Tinha acabado de sair da Covid e estava bem zoada (ok, se fosse só isso não iria mal nos outros, mas isso a gente abafa)
Quando girou a dupla, a menina, ao ver que eu ia perder mais um jogo me falou “olha, tenta fazer um pontinho só, ganhar um só, vai ser bom para o seu ranking”… juro, olhei incrédula e me deu vontade de gritar “nossa, agora com o seu estímulo vai mudar tudo, era isso que eu precisava escutar, eu estava errando porque queria…”
Foi então que fiquei sabendo de uma super professora onde eu treino, mudei horários e me organizei para fazer a aula dela, mesmo não sendo em um horário bom para mim. Fizemos duas aulas (eu e a Sofia, minha filha e testemunha impaciente dos meus erros ).
Aí fui informada que não poderia mais fazer a aula dela, pois não tinha nível (risos sarcásticos). Ainda com muita paciência falei, me dá um mês de aula e vai ver que posso melhorar… nada! Tentei negociar da Sofia fazer aula com ela e eu ir para um outro professor… nada! Vocês não têm nível …
Ainda acho essa história um absurdo! Fomos fazer aula com outro professor. E todos os outros são gentis e pacientes em ensinar, afinal, entendo que esse é o papel né.. se não jogaria como uma profissional e não precisaria tanto de aulas.
Desde o início, isso já me fez pensar em tantas coisas, me fez ficar desestimulada e com vontade de parar…. mas não fiz isso! Também tenho amigas queridas que me ajudam a continuar (e um terapeuta)…
Fico pensando como essas coisas sobem na cabeça das pessoas… algumas mulheres foram muitos gentis. Uma do ranking me falou.. “não ache que está jogando mal, você está defendendo todas as bolas, pois todas só jogam em você”. E teve uma que jogou mesmo, com tanta força, que a bola bateu no meu corpo 2 vezes (e não escutei nem um pedido de desculpas).
Outras comemoravam comigo os pontos que eu fazia, me chamavam de parceira e estimulavam durante toda a partida. E olha, isso fez a diferença…
Hoje muitas vezes ainda quando jogo e erro, vem uma vozinha lá no fundo e fala.. você não serve para isso mesmo, tá vendo, aquela pessoa é iniciante e joga melhor que você, esporte não é a sua praia… você é ruim mesmo…
Sempre fui a última a ser chamada para jogar na escola, as outras meninas gritavam para eu jogar melhor (qualquer semelhança é mera coincidência – embora com 30 anos de diferença), sempre tentava fugir da educação física…
É impressionante como algumas vozes fantasmas permanecem mesmo depois de muitos anos e muita terapia. Mas nunca tinha me dado conta do quanto estas estavam escondidas.
Quantas outras vozes estão escondidas nos trazendo versões antigas de nós mesmos que não fazem mais sentido?
E quantas pessoas deixam a gentileza de lado por bobeira!
Outra coisa que percebi, detestava sentir suor e coração acelerado, que sensação ruim. Talvez um resquício da época do pânico na faculdade (isso fica para outra hora)… hoje já encaro isso numa boa…
Adoro a sensação da areia e de ser ao ar livre…
Desde que peguei mais firme, emagreci mais de 4 kg com esporte e reeducação alimentar (graças a ajuda de um APP fantástico – que falo outra hora – e da minha força de vontade). Parece chato, mas não é tanto, e nada contra o corpo de ninguém tá, mas eu estou me sentindo melhor comigo estando mais magra e bem feliz por ver que meu corpo responde melhor aos exercícios…
Resumindo:
– Ser a última do ranking não é divertido, quero pelo menos ganhar um jogo. Muitos jogos perdi de zero (haja motivação e autoestima), e sei que minhas parceiras treinaram e se empenham para jogarem bem.
– Aumentei as aulas para 2 na semana e comecei um funcional voltado para o Beach.
– Gosto de jogar, mas detesto perder pontos bestas de jogadas que já treinei inúmeras vezes, e isso ainda acontece bastante… e quantas vezes não fazemos isso né?
– Jogar me obriga a estar atenta ao meu corpo e a minha mente, quando não estou concentrada, perco ainda mais
– Está sendo um aprendizado físico e emocional. Limpar as feridas do passado com relação ao esporte são um ganho e tanto
– Continuo achando um absurdo a professora bacanuda não querer me dar aula
– Aceito convites para jogar (só não garanto ganhar hahaha)….
E você, o que tem aprendido? Que vozes antigas que ainda vem atormentar?
Por: Karen Scavacini – Fundadora do Instituto Vita Alere e na esperança de vencer pelo menos uma partida de Beach Tennis