Enquanto alguns pais brasileiros têm se preocupado muito com o “Baleia Azul” –série de 50 tarefas, que vão desde automutilação a suicídio–, outros tem compartilhado algumas piadas referentes ao “jogo virtual”. Os “memes” vão desde insinuações de que falta surra para os jovens de hoje em dia (“Baleia Azul é para essa geração mole de hoje. Na minha época o desafio era sobreviver à havaiana azul”) até a criação de um novo desafio, da “Preguiça Azul”, em que os jovens devem cumprir 50 desafios, dentre eles cumprir as tarefas de casa, obedecer aos pais e não se matar. Mas, afinal, essas piadas e brincadeiras ajudam a lidar com a questão ou banalizam o problema?
Na opinião das especialistas ouvidas pelo UOL, essas atitudes só tem o poder de banalizar o problema. “Fazer piada com esse tema é uma forma da sociedade amenizar, dar um tom mais suave ao problema. Mas nós precisamos falar de forma aberta e séria sobre o suicídio”, fala Sabrina Gonzalez, psicóloga clínica e hospitalar.
De acordo com relatório sobre prevenção ao suicídio feito pela OMS (Organização Mundial de Saúde), a cada 40 segundos uma pessoa no mundo comete suicídio. “É um índice muito alto para desconsiderar. A gente vive em uma sociedade que se comove vendo um filme, mas é incapaz de se comover com o sofrimento do outro, de ter empatia e compreensão”, afirma Sabrina.
Desvalorização do sentimento dos jovens
Para Sabrina e Thais Quaranta, psicóloga e neuropsicóloga especializada em crianças e adolescentes, esses “memes” desconsideram e desvalorizam o sentimento dos jovens em situação de vulnerabilidade que buscam o “Baleia Azul”.
“O jogo da “Baleia Azul” não é o real problema do nosso jovem, mas sim o que está por trás dele. Por que ele entra nisso? Tem uma depressão escondida ali a ponto de ele querer tirar a própria vida. Ao fazer piadas, desconsideramos o sofrimento do outro. É dizer que o que ele sente é frescura, que não é sério. Sendo que o suicídio é uma questão de saúde pública”, afirma Sabrina.
É importante deixar os preconceitos de lado e entender que um jovem que busca por esse ‘jogo’ não quer só chamar atenção. “Temos que tomar cuidado com essas brincadeiras, pois não sabemos quem está do outro lado, em uma situação de vulnerabilidade emocional e fraqueza. Esse ‘jogo’ atrai pessoas com ideações suicidas e problemas emocionais graves”, fala Thais.
Impactos negativos…
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