Inúmeros estudos, desde o século XIX, sugerem uma relação direta entre o suicídio, incidência de luz solar e as variações climáticas em diversos países. Sem desconsiderar os efeitos psicossociais, os efeitos neurobiológicos da exposição à luz do sol parecem ser uma hipótese plausível para a correlação entre a sazonalidade das variações climáticas e as taxas de suicídio.
A luz solar interage com os sistemas de recaptação do neurotransmissor serotonina e as regulações hormonais da melatonina que influenciam diretamente comportamentos como o humor, impulsos, irritabilidade, entre outros.
As mudanças têm sido consideradas ainda, resguardando as suas devidas proporções, que a ação da luz solar sobre o humor e a motivação em pacientes com sintomas deprimidos pode ter um efeito semelhante aos dos antidepressivos, melhorando a motivação e consequentemente o humor.
Pacientes com depressão sazonal, que se caracteriza por ciclos recorrentes dos sintomas deprimidos no inverno e a remissão dos mesmos na primavera, são os que possuem um risco maior de suicídio. Portanto, a exposição ao sol diariamente de 14 a 60 dias consecutivos, parece ser uma medida protetiva, associada com a redução das taxas de suicídio encontrada pelos pesquisadores.
Países europeus, que possuem flutuações mais amplas de radiação solar ao longo do ano, como a Suécia, a Dinamarca, a Noruega, a Islândia, entre outros, são os que comprovam a realidade prática desta teoria, pois apesar de serem considerados países de primeiro mundo, com uma qualidade de vida mais elevada em comparação com a maioria dos outros países, apresentam altos índices de suicídio.
Na Bélgica, por exemplo, a quantidade de suicídios foi correlacionada com a frequência de luz solar. O resultado foi que quando as noites eram mais longas, as taxas de suicídios tendiam a aumentar muito, enquanto que nos dias mais longos e ensolarados, traziam uma maior satisfação e reduziam drasticamente as taxas de suicídio.