O dia 25 de junho é uma data muito importante na minha recuperação. No entanto, retornando à 2013, lembro que esse dia começou como qualquer outro dia. Eu sabia que as coisas não andavam bem. Eu vivia isolada dos meus amigos e familiares, envolvida em um relacionamento abusivo… As coisas estavam acontecendo e se agravando. Cada erro que eu havia cometido estava vindo à superfície. Eu parei de ter esperança. Eu tinha me doado demais àquele relacionamento, mais e mais a cada dia.
E então aconteceu. Eu tentei acabar com a minha vida.
Aconteceu rápido. Meu cérebro ficou meio que desligado. E a única coisa que eu tenho lembrança é que eu estava no hospital, na ala psiquiátrica, querendo voltar para casa.
Quando eu recebi alta percebi que algo tinha mudado. Após a minha tentativa, eu descobri que meu namorado abusivo e eu tínhamos brigado. Eu não estava muito lúcida quando tudo aconteceu. Eu fui presa e enviada para um hospital. Ele me deixou. No grande esquema das coisas considero que foi uma bênção, porque ele era um ser humano horrível, e ele ter se afastado (e, em seguida, ter voltado até que eu finalmente disse que já era o suficiente) foi o início do fim do “nós”. E eu não podia mais sequer imaginar continuar com aquela relação, vivendo assustada e sendo agredida fisicamente, todos os dias. Mas é claro que, em seguida, a separação fez a minha depressão piorar.
Eu não conseguia enxergar a minha vida dali para frente.
Agora avancemos para 2016. Eu estou muito bem casada e com um filho. Minha carreira de escritora está começando a decolar. Eu estou fazendo as coisas que eu amo fazer. Tenho um grupo de amigos incríveis. Eu estou hoje o mais próximo que eu já estive da minha família e, apesar de alguns dias ser mais escuros do que outros, e eu às vezes ainda tenho pensamentos suicidas, consigo enxergar a esperança no final de cada dia, e – acho que isso é muito importante – não tenho medo de procurar ajuda quando preciso. E eu tenho um grande orgulho de dizer que não fiz mais nenhuma tentativa nesses últimos três anos.
Então, gostaria de compartilhar com vocês as três lições de vida que aprendi em meus três anos de sobriedade de uma tentativa de suicídio.
1. Você não é uma aberração por passar por uma tentativa de suicídio. Você é uma sobrevivente.
A conversão interna após uma tentativa de suicídio é dura e sem amor. De início, você será muito cruel consigo mesma. Seu primeiro pensamento será: você falhou. E seu pensamento seguinte será que você está envergonhada. Você vai ficar com medo de que alguém descubra o que você fez. Sobreviver a uma tentativa de suicídio é a única falha cometida nessa vida para a qual você deve se sentir grata. Veja! Você ainda está aqui, você ainda está viva. Alegre-se! E não tenha vergonha. Nossa mente pode nos levar a lugares escuros. Você é humana. E se você é como eu, e tem uma doença mental, você é uma lutadora; é muito normal que você perca algumas batalhas, e algumas derrotas são piores do que outras. Entretanto, encontre forças em seu “fracasso” e suba novamente.
2. Mesmo em seus dias mais escuros, você tem que encontrar uma coisa boa.
Mesmo que seja ver um vídeo bonito sobre um gato ou encontrar uma flor bonita ao lado da uma estrada. Encontre uma coisa que seja legal e que você goste de verdade de fazer. Para mim, nada é tão legal e me ajuda a dissipar as coisas escuras em minha cabeça e me faz lembrar de todo o bem no mundo, como uma caminhada ao ar livre. Tenho a sorte de viver numa floresta, enquanto moro em uma “cidade.” Saio para explorar. Inspiro os cheiros, ouço os sons. Aterro-me no universo, e deixo a escuridão para trás.
3. Sua vida vale a pena ser vivida e você merece o amor.
Ninguém merece morrer prematuramente. Você merece experimentar a felicidade. Você merece respirar. Você é querida, mesmo que você não saiba; e você é amada, mesmo quando você não sinta que seja. Mas, mesmo que você realmente não acredite no que eu estou dizendo, eu sei e eu quero que você esteja aqui. Estou torcendo pela sua recuperação. Eu serei a sua líder de torcida.
Você pode fazer isso! Seja forte, seja guerreira.
Se você ou alguém que você conhece precisa de ajuda ligue para o número do CVV: 141 e procure ajuda especializada.