A depressão é uma doença que pode atingir pessoas de todas as idades. Por isso, o psiquiatra Estácio Amaro alerta aos pais que fiquem atentos aos seus filhos. Segundo ele, os sinais do problema em crianças e adolescentes podem ser confundidos com rebeldia.
“Na adolescência, fica bem difícil fazer a diferenciação porque já é típica da adolescência uma irritabilidade, explosividade. Os pais têm que observar se conseguem ver prejuízos escolares e alterações no comportamento e no humor. Isso pode ser um alerta para uma possível depressão”, explicou o médico.
De acordo com Amaro, a depressão em adolescentes, além de questões fisiológicas, pode ser causada por questões relacionadas à sexualidade, término de relacionamentos, paixões não correspondidas e ainda problemas na relação com os pais. Para ele, essa fase é a mais crítica, na qual a depressão pode ter consequências mais graves.
Além da dificuldade na identificação da doença, a aceitação também é um empecilho no tratamento de adolescentes. “Isso é muito difícil, principalmente nos adolescentes do sexo masculino.
E esse é um alerta importante, que não só as mulheres busquem tratamento, mas os homens também. O homem em geral tem dificuldade de aceitar a doença, porque acha que é ser fraco, que chorar não é coisa de homem”, disse.
Crianças também são afetadas
Apesar de ser mais comum nos adolescentes, as crianças também podem ser afetadas pela depressão. O filho de uma psicopedagoga, que preferiu não ser identificada, tinha apenas 10 anos quando começou a sofrer com a depressão.
“Uma criança que era extremamente feliz, ativa. Gostava de passar fazendo gracinha, dançando, fazendo brincadeiras. E, aos poucos, eu comecei a perceber que ele não fazia isso mais e tinha medo de tudo”, lembrou. “Eu me questionava muito. Eu sofria muito”, conta.
A psicóloga Aracelly Marques explicou que a doença também é muito confundida em crianças. “Para os pais, que não compreendem, podem confundir esses sintomas. Achar que é falta de educação, falta de punição, que é manha. A depressão pode ser muito silenciosa. O primeiro sentimento de praticamente todos os pais de crianças com depressão é a culpa”, pontuou a profissional.
O psiquiatra Amaro explicou que existem algumas formas de identificar a doença nas crianças. “Através de uma brincadeira, a gente percebe algumas atitudes. Por exemplo, a gente vê a baixa auto estima. Começam os jogos, já diz: ‘eu já sei que eu vou perder’. Os desenhos são muito importantes, aparecem muitas coisas através do desenho. Inclusive, eles desenham a boquinha triste”, ressaltou.
O médico lembrou, ainda, que existe depressão até em bebês. “Muitos não conseguem acreditar, mas às vezes acontece com aqueles bebês que são mais rejeitados ou abandonados pela mãe ou pelos pais”, informou.