Após a morte da Marina, li muita coisa a respeito do processo do luto, mas o que mais me chamou a atenção foi um livreto contendo orientações sobre o luto, que foi criado pelo Lelu, Laboratório de Estudos e Intervenções sobre o Luto (PUC-SP), em conjunto com o serviço funerário de São Paulo.
Neste livreto há informações com linguagem simples que explica o que é o luto, os sentimentos comuns e como ajudar enlutados de todas as idades.
O luto é único e cada um vive a sua maneira e conforme o livreto, alguns sentimentos e comportamentos, afetam o enlutado em diferentes aspectos da vida, emocional, intelectual, físico, espiritual e social.
Mas já entendi que o processo do luto não é regra, aliás como tudo na vida, pois não somos iguais, mas no geral alguns comportamentos se apresentam na maioria dos enlutados.
E se alguns dos sentimentos começarem a atrapalhar o cotidiano, vale a dica de procurar ajuda profissional, psicólogos e psiquiatras, lembrando sempre que luto não é doença mas algumas pessoas precisam ser medicadas para ajudar neste período de transição.
Além de frequentar os grupos de apoio, eu faço terapia individual, vi a necessidade no dia que descobri que as emoções e comportamentos estavam atrapalhando o meu dia a dia.
Com o tempo, mesmo aparentando estar bem emocionalmente, o meu corpo reagia de uma forma diferente, somatizava, como dizem as psicólogas. Comecei a ter alergias sem explicações, sono alterado, queda de cabelo fora do normal, dores no corpo e azia que apareciam e sumiam. Fora as crises de enxaqueca, que nem conto, pois possuo há anos e sei que as frequentes crises são resultados do processo de luto.
A irritabilidade, as falhas na memória, o senso de urgência ou o deixar para lá, coisas que antes me eram caras, também compreendi que fazem parte.
Para mim, o processo do luto parece uma montanha russa de sentimentos, um sobe e desce de emoções que é bem difícil explicar. Em alguns dias, eu acordo bem, mas em outros a vontade de ficar quieta onde só o choro é o alívio, as vezes uma oração me acalma, em outros não há nada que faça passar a dor da saudade.
E tem dias, que me faz bem ver fotos e vídeos, já em outros não consigo. Em contrapartida, falar da minha filha, lembrar dela com carinho, sempre me faz bem e creio que sempre fará.
Enfim, o luto deve ser vivenciado e respeitado, não tem prazo de duração, pois quem ama não esquece, só precisa de tempo para aprender a viver sem a presença física do seu amor.
Pode ser que leve um ano, dois ou mais e não existe fórmula mágica para fazer parar a dor da saudade.
Clique aqui ou na foto abaixo para baixar o livreto: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/servicos/servico_funerario/orientacoes_sobre_luto.pdf