O suicídio no Brasil já faz mais vítimas que a AIDS e mata mais do que vários tipos de câncer e, mesmo assim, muitas pessoas ainda não discutem o assunto e têm medo de encarar as doenças psicológicas que, muitas vezes, levam à morte.
Nos últimos anos, a taxa de suicídio no estado de São Paulo cresceu 30% e os homens são as maiores vítimas. Segundo uma pesquisa recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil, a cada 100 mil pessoas, quase sete tiraram a própria vida no ano de 2012. Além disso, para cada suicídio podem ter ocorrido mais de 20 outras tentativas que não deram certo.
Para a psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) adulto de Osasco, Juliana Moreira, os dados sobre suicídio são todos incertos, pois é subnotificado esse tipo de ocorrência pelo fato de muitas pessoas não relatarem. Mas com essas sub informações a OMS traz que a cada 40 segundos 1 pessoa morre por suicídio no mundo.
“Os indícios são muitas vezes comportamento e falas adulterado, e o interesse da pessoa que muda. Não são todas as pessoas que dão sinal, para quem é bem próximo é possível perceber algumas alterações de comportamento, de rotina, de humor, teor de conversas e até ausência delas”, explica a psicóloga.
Definir um perfil de suicídio é difícil, mas geralmente pessoas que tem transtorno de personalidade e de humor, depressivo, em situação de vulnerabilidade profunda, que sofreram violência, assedio e abusos são um recorte populacional que tem propensão ao suicídio, maior do que outros recortes de população. Pessoas que tem entrado nessa estatística são entre 16 a 29 anos.
Segundo a OMS 9 em cada 10 casos poderiam ser prevenidos. É necessário a pessoa buscar ajuda e atenção de quem está à sua volta. Tem sido um mal silencioso, pois as pessoas fogem do assunto e, por medo ou desconhecimento, não veem os sinais de que uma pessoa próxima está com ideias suicidas.
“Uma indicação importante é que todas as pessoas que falam de suicídio podem se suicidar, devemos tratar com atenção. O importante é fazer uma escuta, acolhimento sem recriminar e tentar entender sem colocar soluções práticas e comparações. Deve encaminhar para uma atenção especializada e não procurar solucionar sozinho, principalmente quando se trata de jovens”, complementa a especialista.
O recorte populacional que tem mais incidência de tentativa ou o suicídio são adolescentes e jovens. Pessoas que tem entrado nessa estatística são entre 16 a 29 anos. Os homens muitas vezes tentam e conseguem, já as mulheres tentam e tem as frustrações.
Ninguém mergulha nesse sentimento horrível por escolha própria, ninguém quer se sentir assim e ninguém deseja continuar nesse estado. Por isso, é necessário compreender e conversar sobre isso.