Cidade do Vaticano (RV) – O alto índice de suicídios entre jovens Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul foi apresentado no Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas que, após duas semanas de debates, se encerra nesta sexta-feira, (20/05), em Nova Iorque.
“Especificamente com os Guarani-Kaiowá, que é a população indígena que mais comete suicídio em todo o território brasileiro, nós tivemos em 2015, 45 casos de suicídio em Mato Grosso do Sul. 73% são do sexo masculino e 27% do sexo feminino. Os maiores índices ocorrem entre jovens de 10 a 19 anos. Essa faixa etária corresponde a 61% de todos os casos de suicídio indígena”, disse à Rádio ONU Fabiane Vick, representante da Secretaria Especial de Saúde Indígena, órgão ligado ao Ministério da Saúde.
Tragédia
Vick relatou ainda que há registros sobre crianças de até 10 anos que também tiraram a própria vida. Ao ser questionada sobre as causas desta tragédia, a especialista explica que os motivos são econômicos, sociais e culturais.
“A questão do choque cultural é um fator que contribui bastante, a falta de perspectiva de vida nesses jovens. Essas aldeias, especificamente no Mato Grosso do Sul, estão muito próximas dos centros urbanos. Além da questão da pobreza que, infelizmente, tem impacto direto porque as famílias entram em crises. Existe também ausência dos pais dentro da dinâmica familiar, em função de terem que ir em busca de um emprego e essas crianças muitas vezes ficam abandonadas”.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), representado pela missionária Laura Vicuña Pereira, também havia denunciado no evento as violências e violações que têm sido praticadas contra os povos indígenas do Brasil.
O Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas reuniu cerca de 1 mil representantes de comunidades indígenas e de governos. O tema da reunião este ano foi prevenção de conflitos e paz, assuntos ligados à questão da demarcação de terras.