A melhor forma de comunicar a morte de alguém, adulto ou criança, é dizer de modo claro que a pessoa morreu. Vale acrescentar explicações, como “foi encontrar o Papai do Céu”, mas nunca usar metáforas como “o vovô está dormindo” ou “partiu para uma longa viagem”. A criança dessa idade interpreta tais frases literalmente e pode esperar que o avô retorne ou, pior, desenvolver certos medos, como o de adormecer e não acordar mais.
Segundo a psicóloga Maria Helena Pereira Franco, autora de Psicoterapia em Situações de Perdas e Lutos (Ed. Psi-Pleno), falar com objetividade evita que o tema vire tabu e permite que os pequenos satisfaçam a curiosidade e expressem o luto. Como os adultos, também eles podem experimentar sentimentos de tristeza e culpa diante da morte de alguém querido. Mas só atribuirão um significado assustador à morte se aprendê-lo com os adultos. Frases como “aconteceu o pior” e “era uma pessoa tão boa e morreu” são negativas e ensinam a temer a morte.
Outro cuidado é responder apenas àquilo que for perguntado. Até os 5 anos, a criança não entende, por exemplo, que a morte é irreversível e pode querer saber como se “desmorre”. É provável ainda que pergunte se os pais também vão morrer. Diga que todos morrem um dia e que não dá para voltar a viver. Caso ela comece a chorar, tranquilize-a explicando que vocês cuidam da saúde, querem viver muito e que é mais comum as pessoas morrerem quando ficam bem velhinhas e doentes.
Você pode também levar o pequeno ao velório, por pouco tempo e evitando momentos críticos – como o fechamento do caixão e o enterro. O ritual ajuda a perceber que as pessoas sofrem, mas conseguem dar conta.
Uma vez dada a notícia, se seu filho quiser saber o motivo da tristeza, explique que é porque sentirão saudade da pessoa que se foi e não esconda seus sentimentos. Apenas deixe claro que seu pesar não tem a ver com ele, dizendo, por exemplo: “Estou triste com a morte do vovô e não sinto vontade de brincar. Mas está tudo bem entre mim e você”. A honestidade afasta o risco de que a criança se sinta insegura.
É comum que, em uma mesma família, existam pontos de vista diversos sobre a morte. Mas cabe aos pais explicar a avós, tios e outros adultos que vão abordar o assunto com o filho de tal maneira. Claro que a criança acabará tendo contato com diferentes visões e fará perguntas. É só dizer que nem todos pensam igual sobre a morte. O que não se pode é negar que ela seja um acontecimento natural, importante e que faz parte do ciclo da vida.