No luto acabamos sofrendo tanto com a ausência de quem se foi que, às vezes, esquecemos de agradecer e de aproveitar com mais intensidade a presença de quem ainda está aqui.
Desde que meu pai partiu, tão de repente, passei a prestar mais atenção na delicadeza e na beleza dos encontros: os de família, os entre amigos e até os de trabalho. O foco é a importância de estar totalmente presente em cada um deles e curtir cada pessoa que está ali. São desses momentos que sinto mais falta com meu pai, o almoço de domingo, um churrasquinho em casa só para a gente, as conversas informais no sofá, situações corriqueiras nas quais é preciso ter o cuidado de não deixar a mente divagar e te deslocar para outro lugar.
Parei de brindar o futuro e a toda felicidade que ele nos reserva e passei a me concentrar nos olhares e sorrisos que se cruzam naquele instante. E apenas agradecer por isso.
Aprendi a transformar toda a dor da ausência do meu pai na gratidão pela presença de quem ainda está aqui. Valorizo cada segundo com o meu marido, com a minha mãe, meus irmãos, meus afilhados, meus sogros, meus sobrinhos, meus amigos,… Justamente porque sei a tremenda falta que eles me fariam se não estivessem aqui. Ao pensar que um dia eles podem faltar, não economizo amor.
Pensei nesse texto para simplesmente falar da importância de nos dedicarmos mais a quem está vivo. Parece óbvio, mas é algo que muitas vezes esquecemos de fazer, principalmente no luto, quando é comum focar na saudade de quem não está e ingenuamente se afastar da própria vida que pulsa hoje, da oportunidade de se conectar mais com as pessoas que estão aqui.
É preciso fazer questão de conversar, de se jogar, de amar, de abraçar e assim perceber, sempre, a preciosidade de cada encontro. É preciso fazer questão de estar presente!