N me vejo como herói.” A declaração de Luciano Chrisóstomo Cardoso, 42 anos, do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF), contrasta com o comportamento do sargento. Na manhã de sábado (11/2), quando ia ao clube com os dois filhos, de 14 e 17, Luciano salvou um homem de uma tentativa de suicídio. O que ninguém sabia ao ver a cena, noticiada pelo Metrópoles no próprio sábado, é que o militar vive um drama pessoal: ele está afastado da corporação para se tratar se uma depressão.
O fato de estar fora do período de trabalho e sem farda não reduziu o senso de dever de Luciano. Ao ver o senhor de 69 anos que havia acabado de se jogar de uma passarela na DF-001 com uma corda amarrada ao pescoço, o bombeiro não pensou duas vezes. “Na mesma hora eu estacionei o carro e pedi aos meu filhos para ligar para o 193 e buscar socorro enquanto eu ajudaria aquele homem”, relatou, em entrevista ao Metrópoles neste domingo (12).
De forma ágil e corajosa, o sargento parou um ônibus que vinha na pista, escalou o teto do veículo e alcançou a vítima que se debatia pendurada na corda. Ele abraçou o idoso e o suspendeu com a ajuda de um homem que subiu no coletivo para ajudar. Com muita destreza, o sargento conseguiu desfazer o nó que prendia a vítima.
Após liberar o homem da corda, o bombeiro deitou-o no teto do ônibus acalmando-o. Luciano aguardou a chegada do socorro, que, em 10 minutos, já havia chegado ao local para assumir a ocorrência.
A vítima, que não teve o nome divulgado para preserva a família, foi levada ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT) com vários cortes na face, dores no pescoço devido ao impacto da queda com a corda e consciente. O vídeo que mostra o ato de heroísmo do bombeiro teve mais de 10 mil visualizações no canal do Metrópoles no YouTube no fim de semana.
Drama pessoal
Toda a ação de sábado ocorre em um dos momentos mais difíceis da vida do sargento. Luciano, que é lotado no 2º Grupamento de Bombeiro Militar (Taguatinga), está afastado temporariamente do serviço por ter depressão. A doença começou a se manifestar após a morte do irmão dele, aos 36 anos, em dezembro de 2016, vítima de paradas cardíacas após ter uma infecção generalizada. Agora, ele se recupera para em breve voltar à ativa.
Mesmo afastado, o treinamento falou mais alto na hora em que viu alguém precisando de ajuda. “Estou a serviço dos Bombeiros. O nosso lema é ‘vidas alheias e riquezas a salvar’. Graças a Deus, a nossa instituição tem nos preparado bem para lidarmos com as dificuldades do dia a dia.” Mas o salvamento de sábado mexeu emocionalmente com o sargento.
Depois da adrenalina do salvamento, fiquei pensando naquela família que hoje poderia estar destroçada com a perda de uma pessoa querida. Fico na torcida para que aquele senhor faça uma reflexão sobre a oportunidade de vida que Jesus lhe deu novamente”
Luciano Chrisóstomo Cardoso, sargento dos bombeiros
Nesta semana, Luciano vai entrar em contato com a família do senhor salvo no sábado para saber como está a recuperação do idoso. “Quero encontrá-lo”, disse.
E, embora não se considere um herói, quem soube da história parece discordar.