O suicídio é a causa de mais de um milhão de mortes ao redor do mundo por ano e, geralmente, está atrelado a causas multifatoriais. Porém, pesquisadores norte-americanos descobriram que o local de trabalho pode ter mais influencia na decisão de tirar a própria vida do que se imaginava. De acordo com um levantamento publicado no American Journal of Preventive Medicine, dos Estados Unidos, agentes da lei (como policiais), agricultores, médicos e soldados são as profissões que mais estão relacionadas ao suicídio.
Para chegar a essa conclusão, o estudo analisou as características de americanos que tiraram a própria vida entre 2003 e 2010 e comparou com dados de censo que contabiliza acidentes fatais de trabalho do Bureau of Labor Statistics (BLS). Durante o período, mais de 1,7 mil pessoas se suicidaram no local de trabalho.
De acordo com o estudo, a ocupação com maior taxa de suicídio é a que envolve lei e proteção, como policiais e bombeiros (5,3 a cada 1 milhão de trabalhadores), seguida por agricultores, fazendeiros e indivíduos envolvidos em atividades florestais (5,1 para 1 milhão). Agentes de saúde e pessoas que trabalham com reparos e manutenção tiveram taxas semelhantes (3,3 a cada 1 milhão). Dentre os reparadores, os que mexem com serviços automotivos são os mais propensos.
Os pesquisadores acreditam que a disponibilidade e acesso a meios letais, como drogas medicinais e armas de fogo, é a explicação mais provável para que essas profissões sejam “as mais letais”. Fatores estressantes e econômicos também podem estar por trás da relação entre suicídio e profissão. “Ocupação pode definir a identidade de uma pessoa, e fatores de risco para problemas psicológicos, como depressão e estresse, podem ser potencializados pela profissão”, comentou à publicação o epidemiologista M. Tiesman, um dos líderes do estudo.
Os dados mostraram também que os homens têm 15 vezes mais probabilidade de cometer suicídio no local de trabalho do que as mulheres e a taxa é quatro vezes maior para trabalhadores com idade entre 65 e 74 anos do que para pessoas com entre 16 e 24 anos.
“Esta tendência ascendente de suicídios no local de trabalho ressalta a necessidade de pesquisas adicionais para entender os fatores de risco específicos da ocupação e desenvolver programas baseados em evidências que podem ser implementadas no local de trabalho”, concluiu Tiesman
Embora seja um problema recorrente nos Estados Unidos, o suicídio cometido por militares não foi analisado, já que ele é contabilizado por uma base de dados diferente da que foi utilizada na pesquisa.