Enquanto a imprensa não fala do tema, as políticas preventivas titubeiam e os médicos varrem o assunto para baixo do tapete, 1.339 pessoas do Brasil foram internadas nos dois primeiros meses do ano (2013) após tentarem o suicídio.
Os dados do banco virtual abastecido pelo Ministério da Saúde – levantados pelo iG Saúde – apontam 22 casos por dia só nos dois primeiros meses de 2013.
Em meio ao sigilo imposto para tratar do suicídio, o psiquiatra professor da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS) , José Manoel Bertolote, quer falar aos quatro cantos do planeta.
Em entrevista ao iG, Bertolote afirma que o silêncio e o tabu que marcam o assunto não impediram o surgimento de um “nefasto glamour em torno do suicídio”.
“São inúmeros sites na internet que ensinam, de forma muito didática, as pessoas a cometerem suicídio. Estes endereços eletrônicos disseminam comportamentos perigosos e precisam ser combatidos. Há uma glorificação atual da morte provocada. São músicas, clipes, filmes que apresentam o suicídio de uma forma artística, como uma moda a ser seguida”, afirma.
Para reverter o quadro, o especialista neste assunto proibido defende articulação e um debate com os líderes religiosos e com a Justiça – que ainda considera os suicidas criminosos.
Bertolote diz ainda que são necessárias mudanças na rede de saúde, com um trabalho forte para identificar os mais vulneráveis às lesões autoprovocadas.
Segundo ele, as pesquisas científicas atestam que, na maioria das vezes, há arrependimento em quem provoca a morte intencionalmente e nem sempre há chance de reverter o dano provocado.